24 de setembro de 2009

ENTREVISTA EDUCADOR E PSICOMOTRICISTA GENIVALDO MACÁRIO


Por Suellen Souza e Hulda Rodovalho


Genivaldo Macário de Castro: Mestre em Educação, graduado em Educação Artística pela UFPI, Artista plástico, Especialista em Psicopedagogia pela EPCE, Psicomotricidade pela UECE, Psicomotricista do CAS/CE, Arte Terapeuta e docente da Formação em arte Terapia do Instituto Aquilae.

Como é realizado o trabalho no CAS (Centro de formação e atendimento ao surdo)?
“O CAS é voltado para a formação de professores e atendimento de pessoas surdas.Nosso trabalho é todo voltado para o trabalho com o surdo como também o atendimento de psicopedagogia, psicomotricidade, fonodiologia e psicologia para os surdos.Oferecemos cursos de Libras para surdos, familiares e para sociedade, cursos de formação:Psicomotricidade e desenvolvimento da criança surda, curso de Arte-Educação para professores que trabalham ou tem interesse de trabalhar com surdos.Ou seja todo um programa voltado para atender os surdos, familiares e educadores.”

Como é a distribuição das vagas dos cursos?
“Os cursos são oferecidos para professores da rede pública de ensino que trabalham com surdos e uma outra porcentagem e oferecida para a comunidade.”

O CAS é mantido por quem?
“O CAS é uma instituição Estadual de unidade única para o atendimento de todo o Ceará, no que se refere a atendimento a crianças surdas e professores que trabalham ou desejam trabalhar com crianças surdas.”

Para ser atendido pelo CAS o que é necessário?
“Para ser atendido lá basta ir, e quando a demanda é muito grande fica na fila de espera.Mas lá é para atender a todos.”

Porque os surdos são tão organizados?
“Hoje existe um movimento da cultura surda muito organizada, com associações e organizações.E isso deve-se ao fato de eles querem estar onde eles podem se comunicar, eles querem compreender, pois existe uma escala muito pequena de ouvintes que falam libras, que dominam é bem menor, que conhecem um pouquinho é mais ou menos e os que fizeram curso sabem até dar um bom dia ou boa tarde mas quando a conversa se estica acabam se perdendo.É muito chato você está conversando com alguém que não te entendi, não gera comunicação, interação, não a ganho nenhum nessa comunicação.Como qualquer outra pessoa eles querem estar onde são compreendidos e aceitos.”

Genivaldo, qual é o trabalho que você realiza no CAS?
“Eu trabalho com cursos para professores, educadores de surdos e professores da escola de surdos, no sentido de está cada vez mais convidando eles para refletir sobre a experiência docente com o surdo.Trabalho também com grupos de psicomotricidade.”

Como é esse trabalho com grupos de psicomotricidade?
“Trabalho com grupos de adolescentes e adultos com encontros semanas onde é trabalhado a relação do surdo com o grupo (sociedade), família e com os próprios colegas.É muito importante trabalhar com a família pois não é a surdez em si que o problema é cultural, o problema maior do surdo está na família que não sabe libras, só constitui uma linguagem baseada na oralidade e não da Libras.E ai?Como está pessoa que é surda vai se comunicar com um bando de ouvintes?Aí ele acaba se comunicando com um dialeto caseiro que só serve para a família, o que se difere da libras que é uma linguagem brasileira de sinais.
A psicomotricidade ela trabalha com o corpo do sujeito em movimento na relação.Quando vou trabalhar com a psicomotricidade eu não vou pensar no sujeito isolado, mais o sujeito na relação social com a escola, com a família e com a meio social.A criança surda na relação com a família, escutando o que essas famílias têm a dizer e orientando-as a fazerem cursos de libras para que assim elas possam olhar seus filhos com outros olhos.
O trabalho com os professores eles são convidados a refletirem sobre o modo como eles trabalham a criança surda, o que é peculiar na educação dos ouvintes, o que eles fazem que seja próprio da educação do surdo e o que eles trazem da educação do ouvinte para o surdo, para eles tomarem consciência que a educação do surdo tem uma dinâmica própria.
No trabalho com os alunos trabalho com grupos pontuais e não permanentes, desde a infância, adolescência até a idade adulta.”

Quando começou o seu interesse por está área?
“Pessoal, cheguei até aqui porque fiz um concurso do Estado r nunca assumia e um dia eles me chamaram e a moça que me atendeu me convenceu que eu deveria ir para o CAS.Quando eu cheguei não sabia libras, então aprendi e fui gostando, gostando e fui gostando tanto que estou aqui e adoro.”

5 comentários:

  1. adorei entrevistar o senhor genivaldo é um grande estudioso e conhecedor do educação especial principalmente no que se refere aos surdos, foi muito enriquecedor conversar com ele

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  2. Acho que os cursos de formação de professores devariam se preocupar também em forma profissionais que saibam a lingua dos sinais, pois essa é uma área que a cada dia está crescendo e o número de professores capacitados é muito pouco.

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  3. Acredito que a disciplina de Libras no currículo dos cursos de licenciatura já é uma grande conquista, ver profissionais nessa área nos motiva a se especializar e procurar mudar um pouco dessa visão preconceituosa contra o deficiente. Por isso, a importância de conhecer o trabalho desses profissionais e dessas instituições e valorizá-los por desempenhar esse grande papel na educação especial!

    Parabéns para a dupla!
    ;D

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  4. É fundamental para professores aprender libras para que possa ter uma comunicação com alunos surdos, aliás, a sociedade em geral era para saber libras pois a maioria das pessoas se empenha em aprender uma língua estrangeira e o principal que são as libras a maioria das pessoas não tem interesse.

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  5. Achei muito interessante o questionamento e a resposta proferida ao mesmo:
    "Porque os surdos são tão organizados?
    Hoje existe um movimento da cultura surda muito organizada, com associações e organizações.E isso deve-se ao fato de que eles querem estar onde eles podem se comunicar, eles querem compreender, pois existe uma escala muito pequena de ouvintes que falam libras, que dominam é bem menor, que conhecem um pouquinho é mais ou menos e os que fizeram curso sabem até dar um bom dia ou boa tarde mas quando a conversa se estica acabam se perdendo.É muito chato você está conversando com alguém que não te entende, não gera comunicação, interação, não existe ganho nenhum nessa comunicação.Como qualquer outra pessoa eles querem estar onde são compreendidos e aceitos.”

    Como é importante ouvir essas esperiências para ampliarmos nossa compreensão e trabalhar atitudes frentes ao próximo, principalmente, quando este tem o estigma de uma deficiência.Parabéns a equipe pelo trabalho!

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