6 de janeiro de 2010

Deficiência Mental e/ou intelectual: teorias e fases.

Alunas autoras: Karla Evangelista e Walquiria Carvalho

O texto que segue é uma resenha conceitual e histórica sobre Deficiência Mental/Intelectual dos artigos “O deficiente mental nos artigos da Revista Educação (1927-1946)”, de Maria Vilela e “Deficiência Mental” de Ana Santana. Tratam sobre os diferentes conceitos adotados ao longo da história sobre deficiência mental e como esse processo de mudanças ocorreu e se refletiu na sociedade e, por conseguinte na educação.
Para Santana a deficiência mental decorre de problemas situados no cérebro que causam baixa produção de conhecimento, dificuldade de aprendizagem e um baixo nível intelectual.
Para os positivistas, como afirma Vilela, a deficiência mental era uma patologia, o sendo por “fugir” dos padrões de normalidades estabelecidos socialmente onde, a normalidade estaria ligada a saúde e a anormalidade à patologia (doença).
Skrtic (1996), segundo Vilela, apoiava que existem dois modelos teóricos para se pensar o que seria a normalidade e a anormalidade, o modelo patológico, baseado em sintomas biológicos; e o estatístico, baseado numa média calculada sobre um atributo real em uma sociedade, podendo o individuo se encontrar em quantidades de anormalidades pequenas ou grandes em relação a característica calculada.
Essa visão é utilizada como bases por vários autores para fundamentar suas diferentes concepções a respeito da deficiência mental/intelectual, mesmo que em alguns pontos estes autores entrem em desacordo.
Constatamos ainda que as pessoas que portam essa deficiência são vistas como “incapazes” e que ao longo da história vem sendo tratadas e atendidas de inúmeras maneiras, entre elas uma das mais fortes é a assistencialista e nós ainda temos visto isso atualmente. É bem complicado falar sobre essa deficiência pois, a cognição humana é uma área onde não existem verdades absolutas e nem permanentes. Baixe aqui texto na íntegra em PDF

A dificuldade que existe em se descobrir as causas, de fazer o diagnóstico, a falta de clareza sobre a deficiência mental e as restrições (limitações) inerentes as pessoas deficientes mentais são fatores que nos fazem ter tantas duvidas sobre a realidade dessas pessoas e de suas necessidades.
Conceitos novos e antigos se misturam quando estudamos sobre esse assunto e algo que costuma aparecer é a divisão da deficiência mental/intelectual entre leve, moderada, grave e profunda e as condições e limitações diferenciadas que cada nível desses de deficiência apresentam.
Modificações mais recentes foram integradas a conceituação da deficiência mental. Podemos citar o peso que os resultados dos testes de inteligência, vistos por meio do Quociente de Inteligência (QI), que antes era determinante e hoje não mais, pois a Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR), órgão importante para a luta dos deficientes mentais, considera, baseando-se no manual escrito por Grossman (1973 e 1977), de que outros fatores também devem ser observados para seu diagnóstico e consequentemente para sua conceituação, assim como as dificuldades de comportamento adaptativo dos sujeitos e se essa deficiência ocorrer no período de desenvolvimento do sujeito, ou seja, até antes dos 18 anos.
Existem algumas causas conhecidas pela ciência que acarretariam na deficiência mental: fatores genéticos, problemas durante a gestação ou parto e também pós-parto. Mas ainda existem fatores desconhecidos e por este motivo existe a tentativa por parte da sociedade de prevenir e/ou amenizar as consequências desta deficiência através de medidas como exame pré-natal e acompanhamento médico e educacional especial para o sujeito portador dessa deficiência.
Voltando-nos a história, os deficientes já foram vistos como pessoas limitadas e por isso foram perdendo valor social Passaram por fases de piedade e assistencialismo. Momentos em que o Estado provia parte das necessidades instrumentais e educacionais e outros momentos em que as iniciativas privadas lhe assistiram, além de fases em que a educação passa a ser seletiva utilizando testes e provas de admissão, impossibilitando o acesso aos grupos de pessoas tidas como “limitadas” e “incapazes” e também o surgimento de instituições especializadas para educá-los.
Questões como a inclusão de alunos portadores de deficiência em salas de aula regulares e/ou especializadas para atendê-los poderiam estar em fase mais avançada do processo social se não fossem levados em conta mais sua limitações e dificuldades que suas habilidades e conquistas.
Vale ressaltar que há grande diferença entre deficiência mental e doença mental. A deficiência mental atinge a inteligência do sujeito, já a doença mental atinge outras áreas cerebrais e é refletida em seu comportamento, como no exemplo dado por Santana, no poder de concentração e no humor e não em sua capacidade cognitiva.
Interessante também registrar que o deficiente mental não obrigatoriamente apresenta aparência física diferente, pode haver um deficiente mental que não apresente nenhuma diferença, pois, essa diferença comumente ocorre em casos de níveis mais elevados (graves e profundos) da deficiência.
Hoje os deficientes mentais já conquistaram muitos direitos se compararmos a um passado próximo, mas essas conquistas ainda estão aquém do que realmente seria necessário para melhorar suas condições de vida.
As autoras terminam por nos fazer um convite a que nós pensemos os deficientes não como eles vem sendo rotulados, mas como eles realmente são e para refletirmos sobre nossas ações em relação aos deficientes mentais, principalmente nós educadores.
BIBLIOGRAFIA:
• SANTANA, Ana Lúcia. Deficiência Mental. Disponível em: . Acesso em 30 de dezembro de 2009.
• VILELA, Maria Aparecida Augusto Satto. O Deficiente Mental nos Artigos da Revista Educação (1927-1946). Disponível em: . Acesso em 15 de dezembro de 2009.

10 comentários:

  1. Meninas, parabéns pelo trabalho, confesso que antes achava que deficiência mental e doença mental fossem a mesma coisa, porém o texto esclareceu que não, que deficência mental é aquela que atinge a inteligência da pessoa, enquanto a doença mental é aquela que afeta outras áreas cerebrais refletindo assim no comportamento da pessoa. Parabéns mais uma vez.

    Regiane

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  2. Parabéns!!! O texto traz a compreensão clara da diferença entre deficiência mental e doença mental. Outro ponto que me chamou atenção é a importância de refletirmos sobre nossas ações em relação aos deficientes mentais.
    È preciso haver uma constante troca de afetividade e sensibilidade de todos para que haja um trabalho com vistas à construção de uma sociedade mais digna, justa, igualitária e que respeite as diferenças.Estaremos melhorando a nossa própria qualidade de vida, sempre, quando melhorarmos a de todos aqueles à nossa volta.
    Aurilene Pontes

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  3. Achei muito edificante esse trabalho, aprender sobre a diferença entre deficiência e doença mental foi muito enriquecedor. Concordo plenamente no que diz respeito ao nosso olhar sobre o deficiente, temos que ve-lo com uma visão mais ampla, sem preconceitos, valorizando-o como indivíduo capaz e não como uma coisa, um acidente da natureza no qual temos que tolerar.
    Edna dos Santos

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  4. Foi bastante construtivo nesse texto a difereciação clara que se fez entre deficiência mental e doença mental, e que uma pessoa com deficiência mental apresenta nitidamente alterações físicas, depende do nível de deficiência.

    MARIA JOSÉ

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  5. O artigo serviu para nos asclarecer a respeito do mito, de que a criança portadora de Deficiência Mental, tem aparência física diferente das outras. Como foi dito acima, as de grau mais leve não aparentam ser deficientes, assim não se deve esperar encontrar esse sinal, para caracterizar como portador de nessecidades especiais. O casos mais leves de deficiência, você percebe só com o tempo, com o contato próximo, já os mais graves são ligeiramente percebidos.
    Me atento também para o parágrafo, em que as autoras nos chamam a atenção para que percebamos o deficiente mental não como eles estão rotulados, e sim como eles realmente são!
    E refletir sobre nossas ações tem que ser uma "rotina".
    Prabéns meninas!

    Renata F. Gomes

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  6. olá meninas. Primeiro quero dizer que a resenha de vcs está de um nível intelectual muito alto. Foi muito profundo o estudo sobre as diferenças entre deficiência mental e doença mental, assim nos ajuda a percerber que deficiência não é doença, é apenas uma diferença, e que ser diferente é normal. Mas mesmo que seja doença não devemos tratar niguém com ignorância.
    Trtar dessas pessoas não é um problema só dos pais delas, é problema nosso também, pois o que é pertencente a sociedade, o que está por nossa volta e o que de qualquer maneira contribuimos para sua vida, bem ou mal, é problema nosso também.
    Bel.

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  7. Achei esse trabalho bastante interessante poque ele nos esclarece sobre a diferença que exite em deficiencia e doença mental, diferença essa que por muitos não é entedida.
    Acho que devemos é entender que toda pessoa que possua alguma deficiencia ou doença mental é sim capaz de aprender e cabe a nos educadores e cidadãos entender que essas pessoas possuem algumas limitaçoes e que devemos trabalhar em cima dela para que possamos ajuda-los a se desenvolver.

    Patrícia Fonseca

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  8. Obrigada meninas por todos os comentários!!!

    Karla Evangelista

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  9. LENICE DIAS OLIVEIRA16 de maio de 2010 às 11:54

    Parabens pelo excelente trabalho nesta area.sou assistente social e professora da sala de recurso da Unidade Escolar Edith Nobre dr Castro de Sao Raimundon Nonato-Pi e sei da importancia deste trabalho.Esclarecer as pessoas a diferença entre deficiencia mental e doença mental.Lenice Dias

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  10. Parabéns pelo excelente artigo linguagem de fácil compreensão que nos leva a definir muito bem a diferença entre doença mental e deficiência mental.

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