11 de janeiro de 2010

A contribuição do psicopedagogo na aprendizagem do Sistema Braille

Aurilene Rodrigues Pontes e Edna dos Santos Leite Brito

Apresentaremos aqui uma resenha conceitual sobre monografia de Ruth Teixeira que ressalta a importância da psicopedagogia no processo da aprendizagem do Sistema Braille, com o objetivo de oferecer informações sobre a situação sociocultural do cego, seu desempenho escolar e a sua integração social e profissional.

A monografia está dividida em três capítulos. No primeiro capítulo Ruth Teixeira apresenta a conceituação e um breve percurso histórico da deficiência visual. A autora aqui vai ressaltar que as pessoas com deficiência visual eram considerados como estorvos pelos povos antigos e quando não eram eliminadas ao nascer, eram vítimas de preconceitos e viviam a margem da sociedade.

Durante muito tempo, as pessoas portadoras de cegueira assim como as demais deficiências, sofreram grandes discriminações, que ainda hoje são constatadas por parte da sociedade, decorrente do fato de que “o ‘deficiente’ muitas vezes é tido como ‘cidadão de segunda classe’, o qual foge ao familiar, ao usual, ao esperado, ao simétrico, ao belo, ao perfeito... “(Amaral 1992)

Foram descritos também no primeiro capítulo os procedimentos e recursos metodológicos da aprendizagem do sistema Braille. O sistema Braille criado pelo francês Louis Braille é um código universal de leitura e escrita, o qual permite as pessoas que não possuem visão, não só ler como escrever, tendo acesso a livros dos mais variados tipos, integrando-lhes no universo cultural da palavra escrita.

Para escrita Braille o deficiente visual utiliza a reglete (uma prancheta de madeira, metal ou plástico), uma régua que possui as janelas correspondentes às alas Braille, um punção que forma o símbolo Braille (o ponto) correspondentes às letras, números ou abreviaturas desejadas e folhas de papel tipo CHAMEX 40 kg, para garantir a melhor impressão do sistema em relevo. O tato é o sentido decisivo na capacidade de utilização do Braille. Leia artigo na íntegra. (PDF)
Na reglete, escreve-se o Braille da direita para a esquerda e a leitura é feita normalmente da esquerda para a direita. Além da reglete, o Braille pode ser produzido através de máquinas especiais de datilografia Braille de sete teclas: cada tecla corresponde a um ponto e ao espaço.

Segundo Ruth Teixeira o sistema Braille constitui-se um recurso adequado e insubstituível para a reintegração do portado do deficiente visual, uma vez que lhe dará a independência para ler e escrever e fazer sua própria interpretação do mundo que o cerca.

No segundo capítulo Ruth Teixeira vai trazer uma abordagem psicopedagogica, pelo qual se pode compreender a questão da aprendizagem e suas dificuldades. Para autora existem casos de deficientes visuais, que demonstram falta de interesse em aprender a ler e escrever, por motivos de se sentirem rejeitados pela família, pela falta de estímulo desde o início de sua aprendizagem. A demora da família em procurar atendimento médico e uma escola especializada dificulta muito no processo de aprendizagem do portador de deficiência visual, surgindo o desinteresse pelo aprendizado e afetando a auto-estima.

A autora ressalta que a atuação do psicopedagogo é fundamental nesse processo. Trabalhando para resgatar auto-estima do aprendiz com dificuldade de aprendizagem e na relação do aprendiz com a família e a escola. Seu papel é levar o sujeito a reintegração à vida escolar respeitando as suas possibilidades e interesses.

Outro fator importante que a autora vai destacar é que o psicopedagogo procura trabalhar com o aprendiz de forma que ele consiga superar a deficiência através da aprendizagem do sistema Braille levando-o a uma independência, elevando sua auto-estima, ensinando-o a enfrentar obstáculos para conquistar seu lugar e direitos perante a sociedade.

É importante também que a família tenha interesse em aprender o sistema Braille, dessa forma o aprendiz irá sentir-se apoiado e encorajado em buscar mais conhecimentos, vencendo as barreiras, despertando sua potencialidade e adquirindo maior interesse pela leitura e escrita Braille.

No terceiro capítulo a autora vai apresentar os resultados de uma pesquisa de campo realizada com 260 alunos deficientes visuais do Instituto dos cegos Dr. Hélio Góes Ferreira no ano de 2003. Na pesquisa constata-se que a maioria dos alunos entrevistados abandonava os estudos ou demorava a concluí-los devido as inúmeras dificuldades que encontravam para compreender o sistema. O grau de dificuldade está, na maioria das vezes, relacionado a faixa etária do aprendente.

Ruth Teixeira finaliza mostrando que é necessário uma ação conjunta entre a escola e a família como premissa para o desenvolvimento integral do portador de deficiência visual. E também considera de fundamental importância a intervenção psicopedagógica junto ao corpo docente, ao apoio as famílias e o assessoramento aos professores quanto sua prática pedagógica.

Desta forma o deficiente visual poderá potencializar suas capacidades através da utilização da leitura e escrita em Braille, construindo a sua história de vida, seus interesses, projetos e realizações como agente transformador da sociedade.

Referência Bibliográfica
Ruth Teixeira Queiroz. A Psicopedagogia na Aprendizagem do Sistema Braille para deficientes visuais. 2003. Monografia. (Curso de Especialização em Psicopedagogia) - Universidade Estadual do Ceará.

10 comentários:

  1. Excelente o trabalho retirado dessa monografia!!!

    É interessante observar que a questão do apoio da família é importante para qualquer que for a área, independente se tem uma necessecidade especial ou não. Se até os ditos "normais" têm a necessidade de apoio familiar, porque que um deficiente visual também não tem esse total apoio?
    Sempre acreditei que enquanto não se romper os laços do preconceito e discriminação sempre haverá tais empecilhos.

    Talvez o grau de dificuldade de aprendizagem do sistema Braille está vinculado a essa falta de reconhecimento do outro como capaz de torna-se independente.

    Isabel C. de Lima.

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  2. Prezados:

    Tenho a seguinte relação de livros gravados em áudio (MP3).

    São destinados a Pessoas com Deficiência Visual.

    Esse trabalho não fere a Lei do Direito Autoral, sendo garantida a divulgação sem ônus com essa finalidade. (Lei 9.610, de 19/02/1998, Título III, Capítulo IV, Art. 46, I, “d”).

    Já distribuo esse material para várias instituições/audiotecas/bibliotecas em todo o Brasil, o que muito me honra.

    Caso haja interesse, posso encaminhá-los a qualquer Instituição interessada, desde que sejam destinados exclusivamente a PDVs.

    Trata-se de um trabalho voluntário. Dessa forma, não há nenhum custo para envio e gravação ou qualquer outro.

    1. O PEQUENO PRÍNCIPE - ANTOINE DE SAINT EXUPÈRY
    2. DOM QUIXOTE - MIGUEL DE CERVANTES (uma adaptação para o público infanto-juvenil)
    3. ANIMORPHS - K A APPLEGATE (ficção científica infanto-juvenil)
    4. HISTÓRIA DAS INVENÇÕES - MONTEIRO LOBATO
    5. MENTES PERIGOSAS - ANA BEATRIZ BARBOSA SILVA
    6. FELIZ ANO VELHO - MARCELO RUBENS PAIVA
    7. OS 100 SEGREDOS DOS BONS RELACIONAMENTOS – DAVID NIVEN
    8. COMÉDIAS DA VIDA PRIVADA – LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO
    9. O SEGREDO – RHONDA BYRNE
    10. CAPITÃES DE AREIA – JORGE AMADO
    11. CASA DE PENSÃO – ALUÍSIO AZEVEDO
    12. A VIDA ESCREVE – ESPÍRITO HILÁRIO SILVA, PSICOGRAFIA DE FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER E WALDO VIEIRA
    13. O CHALAÇA - JOSÉ ROBERTO TORERO
    14. DIVÃ – MARTHA MEDEIROS
    15. 1968, O ANO QUE NÃO ACABOU - ZUENIR VENTURA
    16. ANNA DE ASSIS – HISTÓRIA DE UM TRÁGICO AMOR – JEFERSON DE ANDRADE
    17. A CABANA – WILLIAN P. YOUNG
    18. DE CUBA COM CARINHO – YOANI SÁNCHEZ


    Susana Atan Galan

    susag@terra.com.br

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  3. Uma das partes muito interessante nessa monografia é a que diz respeito ao deficiente visual, nós alunos do semestre 2009.2 podemos conhecer bem de perto, mesmo que superficialmente, o dia a dia, as dificuldades e os instrumenots utilizados por ele na exposição visitada "na ponta dos dedos" no centro cultural Dragão do Mar.
    ana carolina 2009.2

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  4. Acho muito importante quando se mostra a história de uma determinada classe. Nesse texto quando a autora mostra que os cegos eram muitas vezes mortos ao nascer ou quando viviam eram considerados cidadãos de segunda classe, nos faz refletir sobre como temos tratado eles hoje, para muitas pessoas ainda hoje o cego é um "coitado", um cidadão de segunda.
    A respeito do texto acho que as meninas estão de parabéns pelo artigo.

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  5. O sistema Braille assim como outros sistemas de linguagem constitui numa importante ferramenta para a aprendizagem para os indivíduos com deficiência visual, e para estes devem ser ampliados a acessibilidade a tal mecanismo. Nesse contato faz-se necessária a intervenção e a preparação adequada do psicopedagogo sendo considerado como um dos pilares educacionais que contribue para aprendizagem com o braille, através do apoio à família ao aluno e ao corpo docente frente as dificuldades a serem superadas.

    Maria José

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  6. O psicopedagogo tem um papel muito importante na educação do deficiente pois funciona como uma ponte entre a família do aluno e a escola. Outro fator importante estar em a família se interessar por aprender o Sistema Braille.

    O texto estar muito bom, com uma linguagem bem fácil e passando muito bem a mensagem.

    bjs!!!
    Lidiane

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  7. Eu achei isso muito importante e as pessoas brailes são pessoas especiais mais iguais a nós.Este trabalho deveria ser passado para toda a sociedade através de:Radios, televisão, educação, internet, revistas...
    Este trabalho e importatante.

    Ass:Pedro

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  8. A cada trabalho postado observamos que deficiente é a sociedade que padroniza as pessoas e discrimina os que não se enquadram. Os direitos básicos que devem ser iguais e não as pessoas.
    Observei nesse trabalho, que a maior dificuldade do deficiente visual, não é aprender o Braille ou adquirir independencia, mas superar a exclusão e o preconceito da sociedade.
    E aí, sim, o psicopedaogo surge como facilitador, ao trabalhar a escrita do aprendiz, auto-estima, a inclusão.
    O trabalho das meninas está muito bom, e me fez pensar ainda mais nos caminhos da psicopedagogia.
    Parabéns.

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  9. Olá!
    Parabéns pelo trabalho pessoal!
    Adorei o trabalho, pois a entrevista desenvolvida por mim e pela Ana Carolina com o Alexandre (Curso de Música - UECE)retrata um pouco da realidade de um cego.

    Com a leitura do trabalho de vocês, pude pensar ainda mais como um cego pode ser motivado, como a sua auto-estima pode ser transformada...
    Além das informações super necessárias sobre a escrita Braille que vocês me esclareceram.

    Belo trabalho!

    Beijos,
    Sheila Bandeira.

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  10. Por isso sempre digo: nove é ímpar e dez é RITA!

    Abraços da amiga Ruth!

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