1 de março de 2010

Resenha do livro – Preconceito contra as pessoas com deficiência: as relações que travamos com o mundo

Alunas autoras: Aurilene Rodrigues Pontes e Edna dos Santos

João Ribas nasceu em São Paulo em 1954. Graduou-se em Ciências Sociais pela PUC/SP. Terminou o mestrado em Ciências Sociais (Antropologia) pela UNICAMP e doutorou-se pela USP, tendo feito pesquisa sobre Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho. Foi professor universitário por 12 anos, consultor do Ministério da Educação, do Departamento Nacional do SENAI e da Fundação Banco do Brasil para projetos sobre Empregabilidade de Pessoas com Deficiência. É coordenador do Programa Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência. João Ribas é paraplégico e usa cadeira de rodas.

Na obra publicada pela editora Cortez – Preconceito contra as pessoas com deficiência: as relações que travamos com o mundo – doutor João Ribas aborda duas faces do problema: uma delas é aquela que finge desconhecer as particularidades do outro, desrespeitando seus direitos (paradigmas de uma sociedade que não está preparada para conviver com a diversidade); a outra consiste na falsa piedade que considera o deficiente um sujeito insuficiente, incapacitado de deter uma realização pessoal e profissional. Mostra também trajetórias de pessoas revestidas de forças e determinação que superaram preconceitos, estigmas e barreiras que, muitas vezes, são demarcações de fronteiras sociais e não impossibilidades individuais.

O livro está dividido em vinte e dois capítulos curtos, que estão baseados em situações de convivência cotidiana contada pelo o autor.Essas situações mostram que é possível um portador de deficiência ter uma vida ativa, produtiva, normal, conviver com suas limitações, superando a cada dia. Por outro lado existe pessoas com deficiência que ainda não conseguiram se libertar do próprio preconceito, achando-se inválido, incapaz de exercer qualquer atividade, vivendo uma vida sem propósito. A família em alguns casos não consegue ajudar essas pessoas, pois também com o mesmo sentimento, criam um mundo limitado e protegido, impedindo o deficiente de ter autonomia, de buscar superação.

É como o autor afirma:

“Os nossos limites reais não estão na possibilidade ou impossibilidade que temos de andar, enxergar, ouvir ou pensar da forma como acreditamos que todos fazem. Os nossos limites estão na dificuldade que encontramos nas relações que travamos com o mundo. Por isso, os nossos limites reais estão na nossa alma. Não existe nada mais deficiente do que um espírito amputado. E para esse espírito não há prótese”. (p. 115).
Os capítulos podem ser lidos independentes, não tem uma ordem lógica, pois João Ribas afirma que a vida não é uma seqüência de fatos. A leitura é agradável, por sua linguagem acessível e argumentação veemente. Ela fornece subsídios fundamentais para uma reflexão na prática sobre a questão de inclusão social e profissional de pessoas portadoras de deficiência física, visual, auditiva ou mental.

Segundo João Ribas, para que a inclusão social das pessoas com deficiência tenha êxito é necessário que as atitudes e que a visão da sociedade mudem, bem como as das pessoas com deficiência sobre si mesmas e sobre o mundo ao seu redor.

Todos devem agir e contribuir para o bem comum e para a construção de uma sociedade inclusiva. A sociedade inclusiva nada mais é do que a conseqüência da visão social de um mundo democrático, onde se anseia respeitar direitos e deveres. Nesta sociedade todos são iguais e a limitação de um indivíduo não diminui seus direitos. As pessoas com deficiência são cidadãos e fazem parte da sociedade, e esta deve se preparar para lidar com a diversidade humana. A sociedade inclusiva tem como principal objetivo oferecer oportunidades iguais para que cada pessoa seja autônoma e auto-suficiente.

O autor colocou paixão nos textos, muita perseverança, e certa sofreguidão nas suas páginas. O objetivo principal do autor, neste livro, é contribuir para que o relacionamento entre as pessoas se fortaleça a fim de que o mundo não se esvazie de significado.

O conhecimento do próximo tem isto de especial: passa necessariamente pelo o conhecimento de si mesmo. (Italo Calvino)

Suas publicações mais recentes são: O que são Pessoas Deficientes. SP: Brasiliense (Coleção Primeiros Passos), 1983; Viva a Diferença: Convivendo com as Nossas Restrições e Deficiências. SP: Moderna, 1996; As Pessoas com Deficiência na Sociedade Brasileira. Brasília: CORDE (Ministério da Justiça), 2000.

2 comentários:

  1. Quando falamos em inclusão estamos abrindo discussões para valoriazar o papel do cidadão independente de sua condição física, e assim destacar sua capacidade para ter uma vida autônoma e participativa na sociedade. É interessante destacar, como foi salientado no texto, que tanto a sociedade como o próprio individuo que possui alguma "deficiencia" devem derrubar os estigmas que colocam o ser como incapaz, pois eles podem tanto estarem presentes na sociedade como na pessoa com algum tipo de deficência. Concluo, então, que todo momento é o instante para se mudar as perspectivas quanto ao deficiente, e transformar os preconceitos que muitas vezes imobilizam as pessoas e as marcam.

    Maria José

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  2. olá,

    Pelo que foi dito do livro já da vontade de ler.

    Percebi que o autor coloca que existe dois tipos de deficiente, aquele que tem sua deficiência biológica e o que tem uma deficiência de espírito, para este último é mais difícil viver pois ele não conseguem se libertar dos próprios preconceitos.

    bjs!!!
    Lidiane

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