17 de março de 2010

Resenha do filme: Na ponta dos pés

Alunas autoras: Karla Evangelista e Walquiria Carvalho

O filme Na Ponta dos Pés (2003) aborda a questão do nanismo, e como o preconceito pode existir até mesmo dentro da própria família. A trama acontece em torno de um homem, Steven (Matthew Bright) e sua namorada Carol (Kate Beckinsale), que são muito felizes e apaixonados. O filme muda de rumo quando, Carol engravida, pois ela não sabe (só supõe) que Steven esconde um segredo que realmente o incomoda.

Steven é um homem de estatura “normal”, mas toda sua família é anã. Ao saber da gravidez da namorada fica muito preocupado, pois há uma grande probabilidade de seu filho nascer anão, contudo não revela nada a ela, até o momento em que ela descobre a verdade sobre a família de Steven por causa de uma visita surpresa que seu futuro cunhado, o irmão gêmio e anão de Steve, Rolfe (Gary Oldman) a faz.

Carol demonstra o preconceito no instante que conhece Rolfe e não consegue acreditar que Steven lhe omitiu algo tão sério. Apesar de tudo isso ela o procura e pergunta por que ele não contou antes e ele a sugere que eles não precisam passar por isso e que podem adotar um filho que seja normal, pois tem muito medo de seu filho nascer anão, mas ela não aceita.

Nesse momento, no filme, Steven se mostra mais preconceituoso que Carol, e o que nos chama a atenção aqui é que isso ocorre não pelo fato dele desconhecer sobre o assunto, e sim pelo conhecimento e aproximação que tem com sua família, ou seja, ele sabe todas as dificuldades, dores e sofrimentos que seu filho poderá passar se for anão e ele não quer que isso aconteça.

Carol e Rolfe acabam se aproximando, pois ela quer aprender mais sobre a vida dos anões para poder amar e cuidar do seu filho da maneira que ele nascer, anão ou não. E com isso ela vai aprendendo muito e desconstruindo todo preconceito que tinha antes de conhecer a família de Steven.

Chega então o dia dos pais da noiva conhecerem os pais do noivo e algo surpreendente acontece, os pais da noiva demonstram, mesmo tentando esconder, que tem algo esquisito acontecendo, seria o fato dos pais dos noivos serem anões? Não! A preocupação é outra, a família da noiva é judia e tinha medo de que o noivo e seus pais não aceitassem uma cerimônia judia, por saberem a maneira preconceituosa e marginalizada que os judeus são vistos e tratados em algumas sociedades, mas tudo se torna muito agradável quando essa situação é resolvida e eles se casam como os pais da noiva propuseram.

Chegamos então a parte mais crítica do filme, quando o bebê nasce anão, Carol que já passou toda a gravidez estudando e convivendo com anões para saber cuidar de seu filho está preparada, porém Steven não aguenta a situação - os choros do bebê de tanta dor, os tratamentos que ele precisa fazer para evitar maiores complicações - e acaba saindo de casa e se afastando do filho para o bem dele (e do bebê), pois não teria como lhe dar com seu próprio preconceito.

Carol passa a morar com Rolfe que a ajuda a cuidar de seu filho e dela mesma. Um dia Steven vai visitá-los, entretanto continua achando que não está preparado para lhe dar com o filho anão e mesmo afirmando o grande amor que sente por Carol e pelo filho, vai embora novamente.

Rolfe e Carol se aproximam mais ainda durante a passagem dela na casa dele e o filme termina com um beijo entre os dois. O que nos leva a refletir sobre como as diferenças estão na maneira como as vemos, pois elas podem existir e não nos incomodar, assim como podem fazer toda a diferença para que um relacionamento chegue ao seu fim.

“Na Ponta dos Pés” é um filme interessante e mostra uma realidade que poucas pessoas conhecem. Trata do preconceito de uma forma bem clara, na medida em que aborda a questão de pessoas que sofrem preconceitos e são estigmatizadas pela sociedade por não se adequarem aos padrões e, também, como o fato de conhecer a realidade dos “desviantes” desses padrões, não necessariamente, nos torna livres de preconceitos.

Os anões estão nesse grupo de desviantes sociais pelo fato de terem como característica preponderante a baixa estatura e trazem em sua formação física problemas em seu desenvolvimento que geram doenças como dores intestinais por exemplo, mesmo com todas as suas dificuldades este filme nos mostra como eles podem ter uma vida normal a sua maneira e como a visão estigmatizada nos impede de vermos como realmente são, pessoas capazes, produtivas, felizes e amorosas, se assim o quiserem.

Não podemos esquecer de falar como a sociedade acaba criando barreiras para essas pessoas, as tratando de forma infantilizada e ridicularizada. Temos um exemplo bem claro no filme quando dois anões e uma mulher vão se hospedar em um hotel e o dono do hotel faz piada dizendo que eles querem um quarto para duas crianças e uma mulher.

Ainda no que diz respeito a esse assunto, o que muita gente não sabe é que o nanismo pode ocorrer em qualquer pessoa, mesmo sem histórico na família. As causas podem ser tanto endócrinas quanto por mutação genética, como é o caso da Acondroplasia (o tipo mais conhecido e comum de nanismo desproporcional).

Outro fato é que apesar do preconceito, os anões podem ter vida social e constituir família como qualquer pessoa, sendo tanto melhor sucedido quanto maior for a aceitação e o apoio recebido da família e da sociedade.

Para conhecer melhor sobre o tema, recomendamos que você assista ao filme e também que faça uma breve pesquisa na internet, você vai se surpreender assim como nós!

4 comentários:

  1. Bom, primeiramente parabéns as meninas pelo trabalho exposto. Ainda não assisti este filme, mas com certeza vou alugar para assistir nas minhas férias. O que chamou atenção não só a minha, mas das meninas pelo que eu pude perceber é a o fato de o personagem (Steven) é a não aceitação das diferenças do outro, principlamente quando estas diferenças lhes são tão próximas. Acredito que isso não acontece somente na ficção, mas na "vida real". Muitas vezes somos tomados pelo medo e vergonha de lidar com as limitações do outro, que acabamos por nos excluir de termos novas experiências.
    Este filme por mostrar isso explicitamente ajuda nós como futuros pedagogos e principalmente como seres humanos a termos um "olhar" para o outro não de exclusão, ou o extremo, que seria a dó, mas de ver no outro UM SER com suas possibilidades e limitações, assim como qualquer pessoa.

    Ass: Stephanie Barros

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  2. Já havia assistido o filme antes, é um filme bem interessante, pois creio que seja um dos poucos a abordar esse assunto como algo sério, e mostra uma realidade desconhecida por muitos, como por exemplo a questão da dor enfrentada por eles, das cirurgias necessárias, etc.
    Os anões se tornaram um atrativo de comédia, nos programas de tv, filmes, etc, e esse sentimento (de zombaria) acaba se propagando pela sociedade, e quando nos é apresentado um filme com outro olhar sobre o nanismo é, no mínimo, interessante, pois revoluciona nossa forma de enxergar o nanismo.

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  3. Oi Rita,
    Sempre que posso venho aqui. O blog é muito bom, por isso deixei um selinho para você lá no meu blog, passe lá:

    http://estardeficiente.blogspot.com

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  4. Vou procurar esse filme pra assistir essa semana...rs. Tenho uma irmã que ama filmes, assim como eu, e conversando agora por telefone me passou uma prévia desse filme. Achei aqui e ao analisar toda essa narrativa fiquei feliz em ver que a 7° Arte, retrate a vida como ela é. Preconceitos existem independente se a pessoa tem algo parecido na familia ou em si mesmo, o que difere de um pessoa para outra, é que umas falam e outras omitem. Nem todos estão preparados ou foram educados emocionalmente para lidar com seus traumas.

    Parabéns pela pauta.
    Simone Urbano

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