8 de março de 2010

Altas habilidades: resenha do filme Gênio Indomável

Alunas autoras: Mayara Hemellyn Lopes Mendes e Mônica Larissa Alves de Souza

O filme Gênio Indomável (1997) nos revela como a superdotação pode nascer mesmo nos ambientes mais desfavoráveis, onde existem pressões sociais e financeiras. Com Direção de Gus Van Sant, com os atores Matt Damon e Ben Affleck – que também são os roteiristas - Robin Williams, Minnie Driver e Stellan Skarsgard. O filme teve nove indicações para o Oscar e ganhou em duas categorias: Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante (Robin Williams).

Tudo começa quando o professor Lambeau, de uma conceituada instituição universitária norte-americana, coloca no quadro-negro um problema matemático que julga ser de impossível solução pelos alunos que frequentam suas aulas. Alguns dias depois de ter apresentado o aparente "enigma da pirâmide", o professor é surpreendido com a resposta anotada numa das lousas do corredor da universidade. O que foi descoberto a seguir surpreendeu ainda mais o professor, pois o autor de tal feito foi um dos jovens responsáveis pela limpeza e manutenção do ambiente, uma pessoa que nem ao menos frequentava os cursos e que circulava pelo local como servente da instituição: Will Hunting (Matt Damon).

Will é um gênio, mas não consegue aceitar seu dom e prefere usar a máscara de um jovem encrenqueiro, debochado e violento. Ele tem vinte anos, é órfão e escolhe para amigos pessoas pouco ou nada recomendáveis. Will apresenta memória fantástica, ampla leitura, talento para ciências e imensa capacidade de resolver problemas lógico-matemáticos extremamente complexos com rapidez e facilidade. No entanto, ele possui uma ficha criminal composta por vários delitos, procura empregos que não exigem grandes habilidades intelectuais e trabalha então como servente (faxineiro).

O professor Lambeau descobre o dom de Will e deseja tê-lo em sua equipe de matemática. O que não é tão simples, pois, o Will foi preso em decorrência das confusões em que se envolveu. Com a ajuda de Lambeau, Will sai da prisão sob a determinação legal de duas condições: que ele trabalhe com o professor e que faça terapia.

O professor universitário passa a buscar o auxílio de renomados psicólogos para resolver os dilemas de Will e, dessa forma, encaminhá-lo para uma brilhante carreira. O único que parece entendê-lo é Sean McGuire (Robin Williams), mesmo Will tendo passado, sem sucesso, pelas mãos de pessoas mais estimadas ou consideradas que McGuire.

Sean identifica o medo existente por trás das atitudes agressivas de Will, leva o jovem a refletir e analisar seu comportamento, seus valores e escolhas. Os dois (paciente e terapeuta) são teimosos, mas tornam-se amigos, porque Sean é o único que consegue quebrar as defesas do jovem, o único que consegue fazê-lo baixar as armas. O diálogo que se estabelece entre eles parece ser a possibilidade de resolução dos problemas que se acumulam desde o passado do jovem.

Por trás da narrativa leve e sedutora, por trás da maravilhosa capacidade de prender a atenção do público, há um vasto universo mental e filosófico. Em uma sociedade onde a ambição é supervalorizada e que não entende os traumas mais íntimos e as seguranças mais legítimas; não entende o motivo pelo qual Will, um superdotado, não busca sua “vitória” nos gloriosos espaços onde desfilam os reis da matemática. Segundo o diretor do filme, Gus Van Sant, Não é a glória que se deve procurar, é a felicidade pura.

Partindo da análise do filme, trazemos à tona um questionamento que precisa ser discutido no intuito de encontrarmos caminhos no que se diz respeito ao desenvolvimento de indivíduos com altas habilidades na escola atual. Qual deve ser a postura do professor em relação ao aluno possuidor de altas habilidades?  Muitas vezes, o aluno com altas habilidades é visto com suspeita por parte dos professores, que se sentem ameaçados diante de questionamentos, perguntas e comentários, isso ocorre, na maioria das vezes, pela falta de uma preparação especial ou conhecimentos na área da superdotação, gerando certo desinteresse ou mesmo hostilidade por parte deste professor, podendo levar o aluno a esconder alguns dos seus talentos e competências.

Muitos dos problemas enfrentados por alunos que se destacam por um potencial superior têm a ver com o desestímulo e frustração diante de um currículo que prima pela repetição e monotonia e também por um clima em sala de aula desfavorável a expressão do potencial superior. Podendo gerar uma rejeição por parte do aluno em relação à escola e até mesmo levá-lo a duvidar de suas próprias habilidades e seu valor.

Acreditamos que o professor precisa refletir sobre como: ajudar o aluno a desenvolver suas habilidades; trabalhar a auto-estima; ajuda-lo a desenvolver bons hábitos de estudo; respeitar o ritmo de cada indivíduo; criar um clima favorável a aprendizagem, fazendo com que o aluno se sinta valorizado, respeitado e estimulado a dar o melhor se si; priorizar a dimensão afetiva, contribuindo para o desenvolvimento social do aluno e a educação do caráter; criar estratégias que estimulem a investigação e permitir uma aprendizagem mais profunda em tópicos selecionados pelo aluno.

Segundo GALLAGHER e GALLAGHER (1994), no que diz respeito à educação para pessoas com altas habilidades o “professor deve inspirar, o conteúdo deve intrigar, e o ambiente da escola deve ser planejado para fortalecer as oportunidades de aprendizagem”. Mas essa não deveria ser a educação de todos os alunos, independente de suas necessidades? Será que o problema não estaria na própria estrutura da escola atual?

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